terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Reflexão em Família para este tempo do Advento


A Religião tem como função “ligar novamente o homem com Deus”. Vale a pena salientar e repetir, que esse contato, essa intimidade do homem para com Deus, se perdeu com o pecado. Isto vemos no livro do Gênesis. Nele, vemos que o homem desobedece a Deus e deseja ser igual a Deus. De criatura, deseja ser criador. Deseja ter todas as respostas, ainda que precise inventar tais respostas. Apresenta-se ai o primeiro e maior problema do homem: O pecado.
Mas o que é o pecado? Bom, para tentar explicar a você o que é o pecado, vamos dar um exemplo. Vimos que o homem foi criado para estar em sintonia com Deus. Agora imagine um rádio. Quando você sintoniza uma estação de rádio você pode ouvir tudo que essa rádio diz ou toca. Você ouve o radialista, você escuta as notícias, você escuta as músicas…
O que ela mandar para você, enquanto você estiver “sintonizado” naquela rádio, você escutará. Assim era a relação de Deus para com o homem. Neste exemplo, podemos chamar a Deus de Dono da Rádio, e o homem de ouvinte. No início o homem era “sintonizado” 24 horas na rádio de Deus. Ouvia tudo que Deus lhe mandava. E o homem vivia feliz, sintonizado nessa rádio. Mas um dia, alguém disse aos homens que havia outras rádios. E que o homem poderia trocar de rádios quando e como quisesse. Disse que era possível até que se desligasse o aparelho, e o homem não escutasse mais rádio nenhuma. Alguém deu ao homem uma espécie de controle remoto e o homem passou a zapear outras rádios. Dai o problema passou a seguinte: O homem deixou de estar sintonizado com Deus. Com isso, o homem deixou de ser feliz.
Perceba que a intimidade foi rompida, mas o desejo de Deus, do eterno, do Divino, permaneceu em nós. A vocação a Deus permaneceu em nós. Podemos rejeitá-la, negá-la ou até ignorá-la. Mas ela está em nós. Está em mim e em você. Está no homem. Por isso muitas vezes tentamos encontrar formas de saciar isso em nós.
Ainda que pecadores, devemos buscar o arrependimento e o perdão, para estarmos sempre sintonizados ao Senhor. Aproveitemos estes dias que antecedem o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo para, através do sacramento da reconciliação, pedirmos a Jesus que reserve para nós um cantinho em sua manjedoura...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Matrimônio é território santo


Padre Fábio de Melo
O amor só pode ser eterno à medida que vivermos a conquista do outro todos os dias. E isso só a partir do momento em que o amor de Deus incendiar a nossa vida.
Em meu coração veio a imagem da sarça ardente, que está em Êxodo 3,1ss: "1.Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzira o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. 2.O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. 3.“Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome.” 4.Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui!” respondeu ele. 5.E Deus: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa.
Nós só podemos ser livres quando temos dono, mas um dono que nos administre para o amor e para a liberdade. O meu Dono [Deus] me ama, tem apreço por mim! Não vai me sugerir nada que vá me fazer mal, porque Seu dom é amor. Ele não escraviza ninguém.
Para ter fogo é preciso ter lenha. Deus é o fogo. Nós precisamos ser essa lenha onde Ele queime. O Todo-poderoso não faz milagres para mostrar o Seu poder apenas, mas todas as manifestações do Senhor são para conquistar o coração que está ali. Ele assim fez com Moisés. A conquista vem através de coisas bonitas. Se você vai receber amigos, você dá o melhor. Busca um jeito de manifestar o amor. É isso que Deus fez com esse profeta.
O 'bonito' não se limita a um atrativo estético, interior. É você perceber algo a mais. É descobrir que alguma coisa daquela beleza supera as suas formas. É algo maior que me chama, que fala de mim, como se aquela beleza fosse algo que me falta.
O amor é essa capacidade de ver o outro de forma diferente. No meio de tanta gente, alguém se torna especial pra você e você se aproxima. Amar é você começar a descobrir que numa multidão, alguem não é multidão.
O amor é essa capacidade de retirar alguém da multidão, tirar do lugar comum, para um lugar dedicado, especial. Alguém descobriu uma sacralidade em você.
Quando alguém se aproximou foi porque você gerou um encanto. O outro se sentiu melhor quando se aproximou de você. A beleza da totalidade que você tem faz o outro melhor. A primeira coisa que o amor esponsal e conjugal cura são as orfandades que a vida nos colocou.
Algumas vezes a esposa é meio mãe do marido. É amor de complementos. Ser em pequenas medidas aquilo que o outro precisa que eu seja. Está fascinado? Está encantado? Tira as sandálias dos pés. Este território é santo! Não acredito em um casamento que não tem Deus na história. Como o seu marido vai reconhecer a sacralidade do seu coração se ele não traz a consciência de todo o sagrado que você é?
Namoro tem que começar assim: “Tira as sandálias dos pés, eu não sou um território qualquer”. O primeiro encanto tem que ser essa consciência de que se Deus lhe deu esta pessoa, Ele é dono antes de você.
O casamento é um encantamento pelo o outro, que vai ganhando sentido quando o vou conhecendo. O amor para ser verdadeiro tem que passar pelas fases da descoberta. Você tem que saber quem é outro.
A grande lição para quem se casa é esta: todos os dias você precisa se aproximar do outro e descobrir o motivo para continuar o respeito e a alegria de estar diante dessa 'sarça'.
Marido agressor tem que ir pra cadeia. Agressão é crime.
Eu convido você para pensar: o que é que você faz com a sarça que arde no coração de quem você casou? Será que em algum momento vocês se esqueceram do valor que têm? Que o outro não é um território qualquer onde eu posso banalizar?
O casamento é essa oportunidade bonita de se ajoelhar diante de alguém, de ter essa parte de Deus em sua vida. Como que você vai agredir a sua própria carne? Vocês são uma só carne!
Quando você chegou na vida do outro, ele já pertencia a Deus. Eu não posso apagar esse fogo de Deus que já existia nele, nela.
Casamento em que o outro é opressão, não é amor. O amor leva para o alto!
Se vocês não se promovem mais, significa que vocês estão esquecendo a vocação primeira do matrimônio: o de acender o fogo do amor, da dignidade e da felicidade do outro. Não levem para vida sexual instrumentais diabólicos. Se o amor que você tem por ela não for o melhor incremento, esqueça! Sejam criativos sim, mas sem perder a dignidade. A maior criatividade da vida sexual e para que vocês se sintam amados é carinho, afeto, dedicação!
Cuidado porque a roupa de coelhinha, professorinha, e etc, pode fazer seu marido esquecer que você é sagrada. Cuidado com essa mentalidade mundana que está transformando as mulheres e homens em objeto. O incremento da vida sexual é carinho, afeto, dedicação. Isso nos faz sentir amados!
O único objetivo do diabo tem é apagar nossa dignidade. Se você faz parceria com o diabo o seu casamento está em risco. Se você permite que sua dignidade seja atentada, põe o seu casamento em risco.
Abra os olhos na forma de educar seus filhos. E pense no amor que vocês dispensam um ao outro. Você não tem direito de tratar um ao outro de qualquer jeito.
Este corpo que você está abraçando, é território santo. É 'sarça' que precisa arder. É vida que precisa continuar iluminada e continuar na dignidade. Que precisa ascender, ir pro alto!

Transcrição e adaptação: Nara Bessa