segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SEMANA PÓS MATRIMONIAL - 4


Família e Sociedade
(Dom Petrini, por ocasião da 1ª Peregrinação Nacional das Famílias à Aparecida, maio 09)


A melhor maneira de viver o amor que leva à nossa plena realização – desígnio de Deus para o ser humano – é a família constituída por marido, mulher e seus eventuais filhos. Mesmo com toda a “propaganda negativa”, em recente pesquisa 97% dos brasileiros afirmaram reconhecer a família como um valor, um bem precioso. A mídia não é mais poderosa do que a experiência de se viver o amor em família.
Mas há dificuldades... a família parece não interessar ao mundo pós-moderno... A Igreja solidária com os sofrimentos da família, convocou esta peregrinação para evocar a proteção de Nossa Senhora Aparecida sobre as famílias e nos ajudar a refletirmos sobre este precioso bem.
Por algum tempo, parecia que a sociedade em si era mais importante do que os valores do Cristianismo. Assim, vem se instaurando o caos ético-moral que ataca principalmente o seio das famílias.

Família e virtudes humanas e cristãs
A família é lugar privilegiado para se resgatar a perda das virtudes sociais que geram corrupção, violência, etc. , É o espaço para se adquirem hábitos, valores, critérios e atitudes decisivas para a formação da identidade pessoal e relacional.
O capital humano da sociedade é gerado pelas virtudes transmitidas na família. É nela que os adolescentes e jovens começam a vislumbrar metas, projetos e um sentido para suas vidas. Os valores e virtudes familiares são transferidos para as diversas situações sociais. Se a família falhar na sua missão, esses valores essenciais vão faltar na sociedade. Onde se aprenderá, por exemplo, a confiança? Vendo televisão? No banco da universidade?

O ser humano se realiza no amor
O ser humano só se realiza através das relações. Não apenas o nosso corpo, mas a nossa personalidade á formada a partir de relações. Pensa-se muito em políticas pública voltadas para indivíduos, esquecendo-se de suas relações familiares.
Uma pessoa pode nascer em qualquer lugar... mas é muito mais saudável que nasça numa família que o acolha. É possível “amar” e procriar de qualquer jeito... mas é muito mais humano gerar uma vida como fruto de um amor conjugal. Uma pessoa pode morrer de qualquer jeito... mas é muito mais digno partir cercado por uma família zelosa.

A família é construção da cultura ou dado originário?
A família é uma invenção? Sendo assim, ela não poderia ser “reinventada” do jeito que quiséssemos, sem necessidade de respeitar o que veio do passado? Não é bem assim.
A família não é uma invenção, mas uma resposta a uma estrutura antropológica inata ao ser humano para suprir suas necessidades biológicas e psicológicas mais básicas. Ela é o único vínculo que envolve a doação da totalidade do ser

A diferença entre “amor” e “amar”
O amor é um afeto, um sentimento inesperado, que começa e acaba espontaneamente. Amar é uma decisão racional que envolve a vida inteira. É a base objetiva e estável da família. Não se podem banalizar as relações familiares ao mero nível da afeição, de sentimentos passageiros que mais cedo ou mais tarde morrem...

Por que é importante casar?
As relações humanas baseadas no afeto são muito instáveis. As simples “uniões de fato” revelam que as pessoas envolvidas não querem dar garantias de que se empenharão a vida toda para manter aquele relacionamento.
Casar juridicamente fortalece as relações entre o casal para que sejam preservados os aspectos positivos da vida conjugal. E casar na Igreja significa reconhecer que aquela união é desígnio de Deus. Jesus se torna presente na vida do casal, com sua potência divina, que os ajuda a vencer todo desânimo e fraqueza.
Todas as formas familiares são iguais? Ora, há diferenças nas uniões de fato que não podemos ignorar: “Se não der certo, a gente se separa...”, a vida do casal, a educação dos filhos fica na dependência de sentimentos meramente humanos... Famílias jurídica e religiosamente constituídas são socialmente mais confiáveis para garantir a educação dos filhos e a proteção dos idosos.
As políticas governamentais deveriam proteger e investir mais na manutenção deste tipo de família, porque é as famílias bem constituídas são mais úteis à sociedade, são as que mais contribuem para a paz.

Medidas para fortalecer a família
O Papa Bento XVI, aqui em Aparecida, pedia uma Pastoral Familiar “intensa e vigorosa”. Cabe a nós criar e incentivar uma “cultura da família”, uma mentalidade que mostre a família como algo desejável para o bem-estar de todos. Como? Não por imposição, mas por atração, pelo testemunho das nossas próprias famílias, divulgando como é importante a boa convivência familiar nas nossas comunidades, escolas, etc... Além disso, precisamos lutar por políticas “AMIGAS DA FAMÍLIA”, isto é, políticas de habitação, emprego, educação, que priorizem os pais e mães de família; meios de comunicação amigos da família, que evitem programas que denigram a imagem familiar; empresas amigas da família, que vão “pensar duas vezes” antes de demitirem pais de família para cortar seus custos.
Formar, enfim, uma SOCIEDADE AMIGA DA FAMÍLIA, também é tarefa nossa, testemunhando e multiplicando a idéia de uma cultura da família, bem como fortalecendo os movimentos familiares.

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